segunda-feira, 14 de março de 2011

Uma urgência: reduzir os encargos patronais

Reduzir seletivamente o peso dos encargos patronais sobre a folha salarial é considerada pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ) uma premência para a economia brasileira. Em artigo publicado no Jornal o Globo, o parlamentar afirma que “desonerar seletivamente os encargos patronais das indústrias expostas a maior concorrência externa é um caminho urgente para proteger a produção nacional, preservar e gerar emprego, e que ao mesmo tempo atenta para o equilíbrio fiscal”. Leia a íntegra do artigo.

Há décadas empregadores contribuem para a Previdência Social sobre a folha arcando com alíquota muito superior à exigida em outros países. Mas há outro motivo conjuntural para se repensar tal encargo: a concorrência internacional mais acirrada depois da crise global. Da guerra das moedas, que sobrevaloriza o real, até as práticas desleais de comércio, o produto nacional vem perdendo espaço no mercado externo e no interno. Em artigo publicado no jornal O Globo.

Reduzir o encargo patronal assegurará que o benefício fiscal fique dentro das fronteiras do país. Quando se reduziu o IPI sobre automóveis em 2009, se logrou aumentar a produção interna, mas também se provocou uma disparada das importações, e assim parte da renúncia da receita pública brasileira acabou gerando emprego e renda fora do País.

O desafio é conciliar a preservação da competitividade nacional, gerando benefícios somente para empresas domiciliadas no Brasil, com a prudência no desenho dos benefícios de forma a não desequilibrar as contas públicas.

A Constituição de 1988 diversificou as fontes de financiamento da seguridade. Hoje as contribuições para a seguridade incidem não apenas sobre salários, como também sobre faturamento, lucro e importação.

Alterar encargos é mais fácil agora porque mudou o perfil da arrecadação. O encargo patronal relativo à contribuição das empresas sobre os assalariados arrecadou R$69,4 bilhões em 2010.

Analisando a composição da arrecadação por atividade, verifica-se que a indústria de transformação gera menos de 23% de tudo que se arrecada para a Previdência, dos quais menos de 8% se referem a setores industriais mais expostos à concorrência internacional predatória.

Os setores que mais arrecadam não enfrentam concorrentes no exterior e nem se espera que contratem mais empregados caso seus encargos sejam diminuídos.

A alternativa mais eficaz para reduzir encargos é focalizar a concessão desse benefício. Dever-se-ia de início reduzir de forma expressiva o encargo patronal dos empregadores mais expostos a concorrência externa e cuja folha salarial mais pese na formação dos custos e dos preços. É o caso, por exemplo, dos produtores nacionais de calçados, de têxteis e de brinquedos, dentre outros.

Desonerar seletivamente os encargos patronais das indústrias expostas a maior concorrência externa é um caminho urgente para proteger a produção nacional, preservar e gerar emprego, e que ao mesmo tempo atenta para o equilíbrio fiscal.

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