terça-feira, 22 de março de 2011

Escassez de saneamento básico e água são questões de saúde pública

O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) alerta para a escassez de água, a falta de saneamento e o aquecimento global. De acordo com o parlamentar, esses problemas não são apenas ambientais, mas uma questão de saúde pública.

Thame participou, de sessão solene em comemoração ao Dia Mundial da Água com o objetivo de discutir a perspectiva de escassez deste recurso no mundo e a sua má distribuição no Brasil, realizada pela Câmara dos Deputados.

“Depende de nós enxergarmos a gravidade do problema e termos uma responsabilidade com os nossos filhos, netos e bisnetos para que eles possam dispor daquilo que hoje nós temos: a prestação de serviços naturais fornecidos pela natureza ao homem, o que facilita nossas vidas”, declarou o parlamentar, um estudioso das questões relacionadas ao meio ambiente.

Thame destacou que o Brasil detém uma das maiores reservas de água doce do mundo. No entanto, há uma distribuição desequilibrada. Segundo o deputado, é preciso considerar não apenas a disponibilidade de água, mas também o saneamento básico.

O deputado lembrou que 85% do esgoto doméstico brasileiro vão parar nos rios, lagos e mares, sem tratamento. Além disso, 56% dos domicílios não têm rede de esgoto e em 22% não existe água tratada.

Faltam investimentos

O deputado citou números do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que previa, entre 2007 e 2010, R$ 12 bilhões para saneamento básico. “Desse total estavam previstos 101 projetos considerados prioritários em municípios com mais de 100 mil habitantes, mas apenas três foram concluídos, 21 estão em andamento e 67, até o final do ano passado, não tinham sido iniciados”, enumerou.

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Trata Brasil, o saneamento básico completo — água tratada, esgoto coletado e esgoto tratado — aumenta a produtividade média do trabalhador brasileiro em 13,5% e o rendimento escolar das crianças é quase 20% maior do que as moradoras de locais sem o serviço.

“Por tudo isso, não se concebe falar em abolir a pobreza absoluta, construir um país rico, sem pobreza, sem miséria se não investirmos em saneamento básico. Quanto custa isso? R$ 50 bilhões. Se fôssemos resolver em uma década, dez longos anos, teríamos de investir R$ 5 bilhões por ano”, ponderou Mendes Thame.

Água contaminada

O parlamentar citou ainda dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro segundo os quais mais da metade dos leitos hospitalares é ocupada por pessoas que contraíram doenças transmitidas pela água. Conforme explicou, males como cólera, amebíase, peste bubônica, hepatite, febre amarela, meningite, sarampo e pólio são transmitidas ao se beber água contaminada e representam a grande causa da mortalidade infantil.

“Os dados mostram que as crianças são as mais vulneráveis à água contaminada. Quando o esgoto é coletado e tratado por completo numa região, o índice de mortalidade infantil despenca. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008, do IBGE, mostra que 34% das ausências de crianças de até 6 anos em creches e salas de aula se devem a doenças de veiculação hídrica”, apontou Mendes Thame.

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