Há dez anos, Gledisson Baptista, 17 anos, foi assassinado com quatro tiros na porta de casa, na Barroquinha, depois de ser espancado por três homens. Seu tio, Sílvio Baptista, que assistiu a tudo, conta que o jovem não era criminoso. “Era um rapaz bom, iria começar seu primeiro emprego”, disse. O atirador foi preso em 2004 e o tio tornou-se ativista social.
Apesar de casos assim se repetirem na Bahia todo ano, poucos têm solução. “Matar criança na Bahia não dá em nada”, diz o coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca-BA), Waldemar Oliveira. O especialista atribui o avanço da violência ao crescimento do envolvimento de adolescentes com as drogas, seja como usuário ou traficante. Segundo ele, esse envolvimento cresceu aproximadamente 900% nos últimos cinco anos.
A Bahia vive uma verdadeira epidemia de assassinatos de crianças e adolescentes, sem hora para acabar e com tendência a piorar. É o que mostra um estudo divulgado ontem, que mapeou as mortes de jovens de 0 a 19 anos em todo o país, entre 2000 a 2010. A Bahia é o estado que registrou mais homicídios no último ano da pesquisa: 1.172, um crescimento de 477,3% no período estudado, o maior em todo o país (em 2000 foram 203). O aumento da violência nessa faixa etária foi generalizado nos principais municípios do estado. Em um ranking das 100 cidades onde mais se mata crianças e adolescentes, há oito municípios baianos entre os 13 primeiros.
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